DADOS BIOGRÁFICOS
Guilherme de Andrade e Almeida nasceu na cidade paulista de Campinas no ano de 1890, filho de uma família tradicional do interior paulista. Logo seguiu os caminhos do pai e formou-se em Direito no ano de 1912, chegando a exercer a profissão de advogado por um bom tempo. Sua grande paixão estava mesmo nas letras, vindo a ser jornalista e colaborador do jornal "O Estado de São Paulo" por várias vezes, além de consagrar-se enquanto escritor. Participante da Semana de Arte Moderna de 1922, excursionou por vários estados brasileiros fazendo conferências sobre a literatura moderna, apesar de nunca ter abandonado sua formação parnasiana que o tornou o primeiro poeta moderno a entrar para a Academia Brasileira de Letras em 1930, vindo a ser eleito o quarto Príncipe dos Poetas Brasileiros no ano de 1958. Sua presença na Revolução Constitucionalista de 1932 o levou à prisão ao exílio. Na Europa, fez uma série de viagens até retornar ao Brasil, onde continuou com sua carreira de jornalista, além de escrever e traduzir textos de escritores famosos (sobretudo franceses). Faleceu na cidade de São Paulo em 1969.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
Um dos homens de prestígio dentro do Modernismo, a poesia de Guilherme de Almeida deriva, porém, de uma formação clássica, de cunho parnasiano, dando ênfase ao soneto com chave de ouro, o uso da métrica portuguesa (com um certo gosto por versos alexandrinos clássicos), usos de rimas ricas que denotam sua profunda erudição e sua criatividade, além de uma inspiração muito forte de Camões e das Cantigas Medievais. Aproximando-se à obra de Olavo Bilac, porém mais superficialmente, a construção de seus versos tende para a habilidade, a técnica, o virtuosismo, e a arte pela arte. A temática e o lirismo de seus versos muitas vezes servem de pretexto para mostrar seu trabalho na construção de suas preciosas rimas e métricas.
Apesar de ter participado da Semana de 22 e ter escrito poemas de cunho modernistas, o poeta nunca conseguiu abandonar sua formação neoclássica, que alegrava a elite e a leitores menos exigentes. Suas poesias com características mais modernistas revelam, no entanto, uma forte criatividade com o uso de versos livres e num estilo inovador que o liga ao grupo do Verde-Amarelismo de Cassiano Ricardo, Minotti del Picchia e Plínio Salgado. Seus livros escritos em 1925, "Raça" e "Meu", refletem muito as tendências modernas proclamadas na Semana de Arte Moderna. Guilherme de Almeida se especializou ainda na construção de hai-kais, pequenos poemas de origem oriental de apenas três versos e uma estrutura bem definida [ver Antologia]. Sua habilidade em compor versos está inclusive presente nas várias traduções que fez das principais obras de vários poetas, inclusive da célebre obra de Baudelaire: "As Flores do Mal".
PRINCIPAIS OBRAS
Poesia
Nós (1917); A Dança das Horas (1919); Messidor (1919); Livro de Horas de Sóror Dolorosa (1920); Era uma vez... (1922); A Frauta que Eu Perdi (Canções Gregas) (1924); Meu (1925); A Flor que Foi um Dia Homem (Narciso) (1925); Encantamento (1925); Raça (1925); Sherazade (1926); Gente de Cinema (1929); Simplicidade (1929); Carta a Minha Noiva (1931); Você (1931); Cartas Que Eu Não Mandei (1932); Acaso (1939); Tempo (1944); Poesia Vária (1947); O Anjo de Sal (1951); Acalanto de Bartira (1954); Toda a Poesia (1955); Camoniana (1956); Pequeno Romanceiro (1957); Rua (1962); Rosamor (1965).
Prosa
Théatre Brésilien (em colaboração com Oswald de Andrade) (1916); Natalika (1924); O Sentimento Nacionalista na Poesia Brasileira (1926); Ritmo, Elemento e Expressão (1926); Nossa Bandeira e a Resistência Paulista (1932); O Meu Portugal (1833); A Casa (1935); Histórias Talvez... (1948); Cosmópolis (1962).
Traduções
Eu e Você, de Paul Gérald (1932); Poetas de França (1936); Suite Brasileira, de Luc Durtain (1936); O Jardineiro, de Tagore (1939); O Gitanjali, de Tagore (1939); O Amor de Bilitis, de Pierre Loüys (1943); Flores das Flores do Mal, de Baudelaire (1944); Paralelamente a Paul Verlaine (1945); As Palavras de Budha (1948); Entre Quatro Paredes, de Jean Paul Sartre (1950); Antífona, de Sófocles (1952); História de uma Escada, de Buero Valejo (1964); Festival, de Simon Tygel (1965); Arcanum, de Niles Bond (1965).