DADOS BIOGRÁFICOS
Murilo Monteiro Mendes nasceu em 1901, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Fez as primeiras letras na terra natal e no Colégio Salesiano, em Niterói. Foi dentista, telegrafista, auxiliar de guarda-livros, notário e Inspetor Federal de Ensino. Sua estréia na literatura se deu em revistas do Modernismo, Terra Roxa e Outras Terras e Antropofagia.
Em 1934, converteu-se ao Catolicismo e com Jorge de Lima dedicou-se à "restauração da poesia em Cristo". De 1953 a 1955 percorreu diversos países da Europa, divulgando, em conferências, a cultura brasileira. Em 1957, se estabeleceu em Roma, onde lecionou Literatura Brasileira. Participou do movimento Antropofágico, revelando-se um conhecedor da vanguarda artística européia. Ao mesmo tempo, manteve-se fiel às imagens mineiras, mesclando-as às da Sicília, Espanha, carregadas de história. Faleceu, em Portugal, em 1975.
CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS
Murilo Mendes destaca-se pelo senso de modernidade. Seus poemas estão repletos de conteúdos originais e de imagens cotidianas, tingidas de surrealismo, linguagem religiosa e de preocupação com o social [ver Antologia]. Destacam-se, igualmente, os processos surrealistas e de montagem, abrindo espaço para a "seqüência onírica", obtida por meio de combinação associativa. A justaposição sintática e o emprego do simbólico dão cor e sentido aos versos.
Os poemas, anteriores a l930, carregados de humor, apresentam a análise humorística do Brasil provinciano. Nos posteriores, em tom grave, o poeta revela o homem angustiado diante do Bem e do Mal e ultrapassando, algumas vezes, esse mesmo dilema, transporta-o para o plano metafísico.
Em Tempo e Eternidade (1935), escrito em colaboração com Jorge de Lima, destaca-se a influência de Péguy e Claudel, impressa nas imagens terrestres, contrapostas ao tempo e espaço. Em outras obras, encontram-se a obsessão pelo caos, a presença do eterno-feminino, tensionada entre o profano e o sagrado, expostos que são pelas rupturas e colagens. Outras características são a exatidão métrica, o respeito à semântica, o emprego de séries compactas de nomes e verbos, encontrados em Contemplação de Outro Preto (1954).
PRINCIPAIS OBRAS
Poesia
Poemas (1930); História da Brasil (1932); Tempo e Eternidade (1935) [em contribuição com Jorge de Lima]; A Poesia em Pânico (1938); O Visionário (1941); As Metamorfoses (1944); Mundo Enigma (1945); Poesia Liberdade (1947); Janela do Caos (1949); Contemplação de Ouro Preto (1954); Poesias (1925-1955); Siciliana (1959); Tempo Espanhol (1959); Antologia Poética (1964); Convergência (1970).
Prosa
O Discípulo de Emaús (1944); Na Idade do Serrote (1968) - memórias.