321. (F.C. CHAGAS)
"A influência que o meio rude exerce no espírito infantil, como preparo para a vida, lhe dá uma lição de coisas que ele não esquece mais. Largado no mundo rural, sem pai e sem mãe, o herói deste belo romance vive na infância toda a experiência do Nordeste sertanejo. Nem lhe falta o contato com o cangaceiro."
No trecho acima está-se considerando uma das obras-primas do regionalismo modernista:
322. (F.C. CHAGAS) Assinale a alternativa que trata de Erico Verissimo.
323. (F.C. CHAGAS) É um romance em que se aprofunda a análise das relações entre o homem e o meio, a partir do relato da vida de um retirante, sua mulher, seus filhos e uma cachorra, tangidos pela fome e pela opressão dos poderosos.
A afirmação acima refere-se ao romance:
324. (FUVEST) Assinale a alternativa em que ambos os romances têm como ambiente o sertão brasileiro:
325. (FUVEST) Assinale a alternativa em que aparece uma correlação incorreta.
(FUVEST) Texto para as questões 326 a 331.
"Conheci que Madalena era boa em demasia, mas não conheci tudo de uma vez. Ela se revelou pouco a pouco, e nunca se revelou inteiramente. A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.
E, falando assim, compreendo que perco o tempo. Com efeito, se me escapa o retrato moral de minha mulher, para que serve esta narrativa? Para nada, mas sou forçado a escrever.
Quando os grilos cantam, sento-me aqui à mesa da sala de jantar, bebo café, acendo o cachimbo. Às vezes as idéias não vêm, ou vêm muito numerosas e a folha permanece meio escrita, como estava na véspera. Releio algumas linhas, que me desagradam. Não vale a pena tentar corrigi-las. Afasto o papel.
Emoções indefiníveis me agitam inquietação terrível, desejo doido de voltar, tagarelar novamente com madalena, como fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade! Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso enorme no coração.
Procuro recordar o que dizíamos. Impossível. As minhas palavras eram apenas palavras, reprodução imperfeita de fatos exteriores, e as dela tinham alguma coisa que não consigo exprimir. Para senti-las melhor, eu apagava as luzes, deixava que a sombra nos envolvesse até ficarmos dois vultos indistintos na escuridão.
Lá fora os sapos arengavam, o vento gemia, as árvores do pomar tornavam-se massas negras.
Casimiro!
Casimiro Lopes estava no jardim, acocorado ao pé da janela, viajando.
Casimiro!
A figura de Casimiro Lopes aparece à janela, os sapos gritam, o vento sacode as árvores, apenas visíveis na treva. Maria das Dores entra e vai abrir o comutador. Detenho-a: não quero luz.
O tique-taque do relógio diminui, os grilos começam a cantar. E Madalena surge no lado de lá da mesa. digo baixinho:
Madalena!
A voz dela me chega aos ouvidos. Não, não é aos ouvidos.
Também já não vejo com os olhos.
Estou encostado à mesa, as mãos cruzadas. Os objetos fundiram-se, e não enxergo sequer a toalha branca.
Madalena...
A voz de Madalena continua a acariciar-me. Que diz ela? Pede-me naturalmente que mande algum dinheiro a mestre Caetano. Isto me irrita, mas a irritação é diferente das outras, é uma irritação antiga, que me deixa inteiramente calmo. Loucura estar uma pessoa ao mesmo tempo zangada e tranqüila. Mas estou assim. Irritado contra quem? Contra mestre Caetano. Não obstante ele ter morrido, acho bom que vá trabalhar. Mandrião!
A toalha reaparece, mas não sei se é esta toalha sobre que tenho as mãos cruzadas ou a que estava aqui há cinco anos.
rumor do vento, dos sapos, dos grilos. A porta do escritório abre-se de manso, os passos de seu Ribeiro afastam-se. Uma coruja pia na torre da igreja. Terá realmente piado a coruja? Será a mesma que piava há dois anos? Talvez seja até o mesmo pio daquele tempo.
Agora seu Ribeiro está conversando com D. Glória no salão. Esqueço que eles me deixaram e que esta casa está quase deserta.
Casimiro!
Penso que chamei Casimiro Lopes. A cabeça dele, com o chapéu-de-couro de sertanejo, assoma de quando em quando à janela, mas ignora se a visão que me dá é atual ou remota.
Agitam-se em mim sentimentos inconciliáveis: encolerizo-me e enterneço-me, bato na mesa e tenho vontade de chorar.
Aparentemente estou sossegado: as mãos continuam cruzadas sobre a toalha e os dedos parecem de pedra. Entretanto ameaço Madalena com o punho. Esquisito.
Distingo no ramerrão da fazenda as mais insignificantes minudências. Maria das Dores, na cozinha, dá lições ao papagaio. Tubarão rosna acolá no jardim. O gado muge no estábulo.
O salão fica longe: para irmos lá temos de atravessar um corredor comprido. apesar disso a palestra de seu Ribeiro e D. Glória é bastante clara. A dificuldade seria reproduzir o que eles dizem. É preciso admitir que estão conversando sem palavras.
Padilha assobia no alpendre. Onde andará Padilha?
Se eu convencesse Madalena de que ela não tem razão... Se lhe explicasse que é necessário vivermos em paz... Não me entende. Não nos entendemos. O que vai acontecer será muito diferente do que esperamos. Absurdo.
Há um grande silêncio. Estamos em julho. O nordeste não sopra e os sapos dormem. Quanto às corujas, marciano subiu ao forro da igreja e acabou com elas a pau. E foram tapados os buracos de grilos.
Repito que tudo isso continua a azucrinar-me.
O que não percebo é o tique-taque do relógio. Que horas são? Não posso ver o mostrador assim às escuras. Quando me sentei aqui, ouviam-se as pancadas do pêndulo, ouviam-se muito bem. Seria conveniente dar corda ao relógio, mas não consigo mexer-me."
(Graciliano Ramos, São Bernardo, Rio de Janeiro: Record. 1989).
326. (FUVEST) Escolha a alternativa que explica melhor o que se está passando a personagem-narrador, Paulo Honório.
327. (FUVEST) A leitura do texto mostra uma interpretação de pessoas, fatos, objetos e atos que se misturam, enquanto revelam uma escrita dificultosa na apreensão de uma realidade difusa. Dentre as respostas abaixo, qual seria a mais adequada para dar conta dessa aparência de caos?
328. (FUVEST) Escolha a alternativa que retrata melhor, à luz do texto e do próprio romance, o sentido da expressão "sou forçado", presente no 2o parágrafo.
329. (FUVEST) "A figura de Casimiro Lopes aparece..."
A partir daqui os verbos, que estavam no imperfeito do indicativo, passam para o presente. Esta mudança de tempos verbais pode ser explicada como um recurso de estilo que:
330. (FUVEST) "Agitam-se em mim sentimentos inconciliáveis: encolerizo-me e enterneço-me; bato na mesa e tenho vontade de chorar." Momento central do texto em questão, ajuda a compreender a personalidade de Paulo Honório, personagem-narrador do romance. Podemos dizer que se trata de:
331. (FUVEST) "A voz dela me chega aos ouvidos. Não, não é aos ouvidos. Também já não a vejo com os olhos." A leitura atenta do texto permite dizer que:
332. (UF GOIÁS) Obras como A bagaceira, Menino de engenho, Terras do sem-fim, entre outras, representam uma corrente de ficção moderna que:
333. (FUVEST) Assinale a alternativa correta:
(FUVEST) Texto para as questões de 334 a 337.
"Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, guardava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas."
(Graciliano Ramos, Vidas Secas)
334. (FUVEST) O texto, no seu conjunto, enfatiza:
335. (FUVEST) No texto, a referência aos pés:
336. (FUVEST) A tentativa de reproduzir algumas palavras difíceis pode entender-se como:
337. (FUVEST) Pode-se dizer que, na linguagem da personagem, as exclamações e onomatopéias funcionam como:
338. (PUC)
"Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, equiparado, exato; e, embolados, de banda, três homens a cavalo. Tudo num relance, insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse o oh-homem-oh com cara de nenhum amigo. Sei o que é influência de fisionomia. Saíra e viera, aquele homem, para morrer em guerra. Saudou-me seco, curto, pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão; bem arreado, derreado, suado. E concebi grande dúvida."
O fragmento acima, de Guimarães Rosa, ilustra sua tendência a:
339. (FUVEST) Dentre os contos de Sagarana existe um em que o narrador sustenta um duelo literário com outro poeta, chamado Quem Será, e no qual se fazem várias considerações sobre a natureza da poesia. Numa metáfora do condicionamento do homem, resistente à aceitação do novo e diferente, o autor leva a personagem a passar por um período de cegueira. A partir daí a personagem descobre a mutilação dos sentidos, que agora se abrem a outras vertentes da realidade.
Em qual dos contos abaixo se discute essa questão?
340. (MACK) Sobre o personagem principal de "A hora e a vez de Augusto Matraga", de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta.