Questões de 41 a 80

Gabarito

41. (UCBA) Os romances Memórias póstumas de Brás Cubas e O mulato, do último quartel do século XIX, inauguram concepções estéticas e filosóficas que se opõem ao:

  1. Romantismo.

  2. Realismo.

  3. Arcadismo.

  4. Naturalismo.

  5. Simbolismo.

42. (FGV-SP) Machado de Assis, a rigor, não foi seguidor fiel de nenhuma escola literária. No entanto, temos de convir que o autor não deixou de aceitar concepções próprias do:

  1. Neoclassicismo.

  2. Ultra-romantismo.

  3. Realismo.

  4. Futurismo.

  5. Modernismo.

43. (Univ. Mogi das Cruzes-SP) Unindo o tema do adultério possível e mesclando-o com cinismo e dúvida, juntando a uma pura amizade de infância a possibilidade de traição, Machado de Assis elaborou o romance:

  1. Quincas Borba.

  2. Memorial de Aires.

  3. Helena.

  4. Paulo e Virgínia.

  5. Dom Casmurro.

44. (EU-Ponta Grossa) A ironia, apontada como uma das características marcantes da obra realista de Machado de Assis, tem como fonte:

  1. a origem humilde do autor, que o leva a satirizar a burguesia.

  2. os preconceitos sociais da época, que marginalizaram o autor.

  3. uma visão crítica da sociedade, que caracteriza a ficção realista.

  4. as idéias republicanas do autor dentro de uma sociedade monarquista.

  5. saudosismo do autor em relação à época do Império.

(FUVEST-SP) As questões 45, 46, 47 e 48 referem-se ao trecho seguinte:

"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: a diferença radical entre este livro e o Pentateuco."

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas).

45. (FUVEST-SP) o autor afirma que:

  1. vai começar suas memórias pela narração de seu nascimento.

  2. vai adotar uma seqüência narrativa invulgar.

  3. que o levou a escrever suas memórias foram duas considerações sobre a vida e a morte.

  4. vai começar suas memórias pela narração de sua morte.

  5. vai adotar a mesma seqüência narrativa utilizada por Moisés.

46. (FUVEST-SP) Definindo-se como um "defunto autor", o narrador:

  1. pôde descrever sua própria morte.

  2. escreveu suas memórias antes de morrer.

  3. ressuscitou na sua obra após a morte.

  4. obteve em vida o reconhecimento de sua obra.

  5. descreveu a morte após o nascimento.

47. (FUVEST-SP) Segundo o narrador, Moisés contou sua morte no:

  1. promontório.

  2. meio do livro.

  3. fim do livro.

  4. intróito.

  5. começo da missa.

48. (FUVEST-SP) O tom predominante no texto é de:

  1. luto e tristeza.

  2. humor e ironia.

  3. pessimismo e resignação.

  4. mágoa e hesitação

  5. surpresa e nostalgia.

49. (E.E. Mauá-SP) Sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, não é correto afirmar que:

  1. é uma obra inovadora do processo narrativo, que introduz o Realismo no Brasil.

  2. Brás Cubas atua como defunto-narrador, capaz de alterar a seqüência do tempo cronológico.

  3. memorialismo exacerbado acaba por conferir à obra um caráter de crônica.

  4. constitui um romance de crítica ao Romantismo, deixando entrever muita ironia em vários momentos da narrativa.

  5. revela crítica intensa aos valores da sociedade e ao próprio público leitor da época.

50. (PUCC-SP) Identifique o trecho em que o narrador de Dom Casmurro introduz o romance e considera seu sentido profundo.

  1. "Horas inteiras eu fico a pintar o retrato dessa mãe angélica, com as cores que tiro da imaginação, e vejo-a assim, ainda tomando conta de mim, dando-me banhos e me vestindo. A minha memória ainda guarda detalhes bem vivos que o tempo não conseguiu destruir."

  2. "O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. É o que vais entender, lendo."

  3. "Faz dois anos que Madalena morreu, dois anos difíceis. E quando os amigos deixaram de vir discutir política, isto se tornou insuportável. Foi aí que me surgiu a idéia esquisita de, com o auxílio de pessoas mais entendidas que eu, compor esta história."

  4. "Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo."

  5. "Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém, do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado."

51. (COVEST-PE) Leia atentamente:

"Quando novamente abria os olhos e a carta, a letra era clara e a notícia claríssima.

Escobar vinha assim surgindo da sepultura, do seminário e do Flamengo para se sentar comigo à mesa, receber-me na escada, beijar-me no gabinete de manhã, ou pedir-me à noite a bênção do costume. [...] Quando mãe nem filho estavam comigo, o meu desespero era grande, e eu jurava matá-los ambos, ora de golpe, ora devagar."

Não é correto afirmar em relação ao texto acima (pode haver mais de uma alternativa):

  1. foi extraído do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.

  2. mostra o sofrimento de Bentinho, que, a cada dia, vê mais semelhanças entre o filho e o provável amante de Capitu.

  3. é fragmento do único romance em que Machado de Assis não se aprofunda na análise psicológica das personagens.

  4. faz parte de um romance típico da fase realista do autor.

  5. é narrado em terceira pessoa.

52. (FUVEST-SP) A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Seria, pois, correto dizer que ela se apresenta

  1. fiel aos fatos e perfeitamente adequada à realidade.

  2. viciada pela perspectiva unilateral assumida pelo narrador.

  3. perturbada pela interferência de Capitu que acaba por guiar o narrador.

  4. isenta de quaisquer formas de interferência, pois visa à verdade.

  5. indecisa entre o relato dos fatos e a impossibilidade de ordená-los.

53. (FEI-SP)

"Em seu último romance, Machado de Assis revela-nos outra face. O romancista espiritualiza-se, afastando-se da análise das desgraças humanas. Sensíveis mutações ocorrem, então, em seu espírito, refletindo desprendimento e abnegação. Reconhece-se no casal Aguiar e D. Carmo o próprio romancista e D. Carolina, acentuando a coincidência das iniciais: Aguiar e Assis, Carmo e Carolina, além dos traços autobiográficos na descrição do casal harmônico."

Trata-se do romance:

  1. Quincas Borba.

  2. Esaú e Jacó.

  3. Ressurreição.

  4. Dom Casmurro.

  5. Memorial de Aires.

54. (CEFET-PR) Assinale a alternativa que melhor caracteriza o Realismo:

  1. Preocupação em justificar, à luz da razão, as reações das personagens, seus procedimentos e os problemas sentimentais e metafísicos apresentados.

  2. A apresentação do homem como um ser dominado pelos instintos, taras, pela carga hereditária, em detrimento da razão.

  3. A preocupação em retratar a realidade como ela é, sem transformá-la. O autor, ao relatar, deverá estar baseado na documentação e observação da realidade.

  4. amor é visto unicamente sob o aspecto da sexualidade e apresentado como uma mera satisfação de instintos animais.

  5. Aspectos descritivos e minuciosos, sempre que possível, baseados na observação da realidade e do subjetivismo e sentimentalismo do autor.

55. (CEFET-PR) Assinale a alternativa que não diz respeito ao Realismo:

  1. Finalidade subjetiva da emoção na prosa.

  2. Causa e efeito é preocupação do autor.

  3. As causas e circunstâncias são importantes.

  4. Atitude mais contida que a do Romantismo.

  5. empenho na defesa de opiniões.

56. (FMTM)

"Assim, pela primeira vez irrompe na ficção brasileira a psicologia infantil, visto que o romance romântico preferira focalizar o adolescente ou adulto enredado nas malhas do amor e da honra, reservando à criança um olhar complacente e via de regra puxado ao folclórico ou ao melodramático, o que redundava fatalmente em estereotipia e superficialidade."

Esse filão, que procura aprofundar a análise da alma infantil, foi aberto por

  1. Aluísio Azevedo, em O mulato.

  2. Raul Pompéia, em O Ateneu.

  3. Machado de Assis, em Memórias póstumas de Brás Cubas.

  4. José de Alencar, em O Sertanejo.

  5. Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um Sargento de Milícias.

57. (PUC-RJ) Estão relacionadas abaixo uma série de características de movimentos literários. Delas apenas uma não se refere ao Naturalismo. Qual é?

  1. Busca da objetividade científica.

  2. Idealização da natureza.

  3. Determinismo biológico.

  4. Tematização do patológico.

  5. Aplicação do método experimental.

58. (PUC-RJ) Estão relacionados, na primeira coluna, nomes de personagens de O Cortiço, de Aluísio Azevedo, e na segunda enunciados que podem caracterizá-las. Numere de forma a indicar a que personagem o narrador atribui qual característica:

( ) Rita Baiana1. amante de João Romão

( ) Firmo2. lutador de capoeira

( ) Jerônimo3. cavouqueiro português

( ) Pombinha4. a flor do cortiço

( ) João Romão5. proprietário do Cortiço

( ) Bertoleza6. amante de Jerônimo

( ) Miranda7. comerciante e comendador

  1. 1, 2, 5, 6, 3, 4, 7

  2. 4, 3, 2, 1, 7, 6, 5

  3. 6, 3, 5, 4, 7, 1, 2

  4. 4, 2, 7, 1, 5, 6, 3

  5. 6, 2, 3, 4, 5, 1, 7

59. (FMTM)

"Aquilo já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular, de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote, socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal..."

Nesse retrato de João Romão, personagem de O Cortiço, patenteia-se a adesão de Aluísio Azevedo à estética naturalista

  1. na insistência em destacar as causas patológicas do comportamento, na preocupação com os detalhes de descrição do físico.

  2. no uso freqüente de hipérboles, na constância dos paradoxos na descrição do comportamento.

  3. no contraste entre a exacerbação dos sentimentos atribuídos à figura central e a simplicidade da pessoa física.

  4. na idealização dos motivos do comportamento, no embelezamento dos traços físicos mencionados na descrição.

  5. na preferência pela narração de episódios, desligados de qualquer ordenação cronológica.

60. (VUNESP) Leia com atenção:

"Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo acabado de brasileiro, se não foram os grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez morena e amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz direito e fronte espaçosa. A parte mais característica de sua fisionomia eram os olhos grandes, ramalhudos, cheios de sombras azuis; pestanas eriçadas e negras, pálpebras de um roxo vaporoso e úmido; as sobrancelhas muito desenhadas no rosto, como a nanquim, faziam sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da barba raspada, lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre papel de arroz."

O trecho acima transcrito apresenta o retrato físico da personagem principal de um romance, cujo ano de publicação tem sido tomado didaticamente como fim de um movimento literário e começo de outro.

Assinale a alternativa que contenha uma afirmação incorreta sobre esse romance:

  1. Raimundo é a personagem do romance O Mulato, responsável pelo título da obra.

  2. Ana Rosa é o nome da heroína de O Mulato, que, ao final da obra, se casa com Dias, caixeiro de seu pai e assassino de Raimundo.

  3. vilão de O Mulato é o cônego Diogo, responsável tanto pela morte de José Pero, pai de Raimundo, quanto pelado próprio Raimundo.

  4. Os três principais assuntos tratados por Machado de Assis em O Mulato são o racismo, o adultério e a corrupção do clero.

  5. Aluísio Azevedo escreveu, além de O Mulato, publicado em 1881, as seguintes obras: O Cortiço, Casa de Pensão, O Coruja, Livro de uma Sogra.

61. (EU-BA) A respeito da ficção de Machado de Assis, pode-se afirmar que

  1. se desenvolveu do Romantismo para o Naturalismo, consagrando-se sobretudo nas crônicas políticas e nos contos satíricos.

  2. amadureceu sob a influência de José de Alencar, de quem tomou os temas e o estilo, tal como se vê em Quincas Borba.

  3. é exemplo típico da literatura naturalista, sendo apenas superada pela obra-prima O Cortiço, de seu mestre Aluísio Azevedo.

  4. representa a conquista da maturidade da literatura nacional a partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

  5. atingiu com Ressurreição e A mão e a luva o plano mais alto de nossa literatura de expressão realista.

62. (FCC-BA) Memórias Póstumas de Brás Cubas é considerado romance divisor de águas da obra machadiana porque, a partir dele, o autor

  1. assume de vez a visão romântica da realidade, apenas esboçada nos romances da chamada primeira fase.

  2. se insere na estética naturalista, ao denunciar as mazelas sociais, os casos patológicos e os aspectos mais repugnantes da sociedade.

  3. procede a uma retificação da própria obra, através da voz de personagens por meio das quais renega os valores da primeira fase.

  4. antecede as conquistas modernistas, com uma postura crítica diante da civilização industrial e uma atitude de denúncia das misérias do mundo rural.

  5. desmitifica as idealizações românticas e assume uma visão crítica que, despindo as aparências que encobrem a realidade, busca as razões últimas das ações humanas.

63. (VUNESP)

"Óbito do autor

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo."

"Um Primo

Mamãe conversava muito com tia Gabriela porque elas eram viúvas. E o Pantico inquietava minha tranqüilidade com anos menos e carrinhos feitos para descidas ladeira amigo íntimo do copeiro arranjador de almanaques nas farmácias."

Assinale a alternativa falsa:

  1. os textos acima são narrados na primeira pessoa.

  2. os textos acima caracterizam fases distintas de um mesmo autor, conforme se pode verificar pelos recursos estilísticos utilizados.

  3. os autores dos textos acima são respectivamente Machado de Assis e Oswald de Andrade.

  4. os textos acima constituem trechos dos romances Memórias Póstumas de Brás Cubas e Memórias Sentimentais de João Miramar.

  5. os autores dos textos acima pertencem respectivamente aos períodos realista e modernista da prosa de ficção brasileira.

64. (FFCL-BA)

  1. Os romances realistas de Machado de Assis fazem crítica das instituições através da análise psicológica de personagens integradas no meio em que vivem, ao passo que os romances naturalistas de Aluísio Azevedo denunciam violentamente a marginalidade das camadas mais desfavorecidas da população.

  2. Tanto os romances realistas de Machado de Assis quanto os naturalistas de Aluísio Azevedo criam personagens que são verdadeiros tipos e caricaturas, que fazem ressaltar com sarcasmo as mazelas e vicissitudes de uma sociedade aristocrática decadente e corrupta.

  3. Os romances de Aluísio revelam-se mais realistas que os de Machado, pois, ao denunciar a crise das instituições, fazem-no por meio da criação de personagens complexas e ambíguas, analisadas com uma profundidade psicológica mais sutil e contundente.

Assinale a alternativa que contém o(s) algarismo(s) do(s) enunciado(s) correto(s):

  1. I

  2. II

  3. III

  4. I e III

  5. II e III

65. (UF-MG) Todas as afirmações sobre Dom Casmurro, de Machado de Assis, estão certas, exceto:

  1. discurso em primeira pessoa favorece o clima de dúvida que paira sobre o adultério de Capitu, pois o que prevalece na narrativa são as impressões de Bentinho, o narrador.

  2. Além da semelhança de Ezequiel com Escobar, outro fator acentua a dúvida de Bentinho, sobre a paternidade do filho: a capacidade de dissimulação de Capitu.

  3. adultério, núcleo da narrativa, é um pretexto para se discorrer sobre a existência humana, subordinada ao poder desintegrador do tempo, que atua de forma irreversível sobre todas as coisas.

  4. A alegoria do tenor italiano, que apresenta a vida como uma ópera composta por Deus e pelo diabo, projeta-se em todo o romance, mostrando que, na luta entre as virtudes e os vícios, o Bem sempre triunfa.

  5. Ao tentar reproduzir no Engenho Novo a casa em que se havia criado na antiga rua de Mata-cavalos, ou ao escrever suas memórias, Dom Casmurro tenta reconstruir o passado, logrando invocar-lhe as imagens e não as sensações.

66. (FMTM) O romance Dom Casmurro, de Machado de Assis,

  1. filia-se à corrente naturalista, uma vez que o autor, entusiasmado pelas teses cientificistas da época, elegeu o meio e a hereditariedade como as forças básicas de construção do seu universo ficcional.

  2. é considerado um representante tardio do romance social urbano, na linha inaugurada por José de Alencar, pelo tratamento ousado e direto dado ao tema do adultério.

  3. representa um dos pontos altos do Realismo brasileiro, pois ultrapassa os limites de um banal caso de adultério e tem, na condição humana, captada pelo viés da ironia, a matéria de sua narrativa.

  4. deve ser encarado como uma produção independente em relação à nossa tradição literária, visto que inaugura a chamada prosa poética de cunho introspectivo, precursora do romance intimista dos anos 30.

  5. está comprometido com os postulados da estética pré-modernista, não só pela escolha corajosa do tema, mas também pela linguagem agressiva, de denúncia, que investe contra os valores burgueses.

67. (UC-MG) das afirmações abaixo, a respeito de Machado de Assis, a única falsa é:

  1. a ironia e o humor são grandes suportes de sustentação de sua obra.

  2. como ficcionista, dá grande ênfase à psicologia de suas personagens.

  3. normalmente, suas personagens são tratadas com severo rigor crítico.

  4. sua narrativa sempre focaliza o ambiente urbano do Rio de Janeiro.

  5. seus romances estão marcados pela preocupação com a ação e o episódio.

68. (UF-PA) No capítulo "Ao Leitor", Brás Cubas (de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis) classifica sua narrativa como "obra de finado". Tal classificação se justifica caso se leve em conta que

  1. personagem principal termina sendo ministro; o adjetivo "finado" fica por conta da ironia do autor.

  2. personagem-narrador, no presente da narrativa, já não faz parte do mundo dos vivos.

  3. Dona Plácida, personagem fundamental do livro, tinha verdadeira obsessão pela morte.

  4. narrativa se desenvolve através da ação de personagens, todos mortos.

  5. centro da narrativa é o amor de Virgília e Brás que, ao fim, não se realiza; o adjetivo "finado" seria um tributo à morte deste amor.

69. (UF-PA)

"José Dias ia tão contente que trocou o homem dos momentos graves, como era à rua, pelo homem dobradiço e inquieto. Mexia-se todo, falava de tudo, fazia-me parar a cada passo diante de um mostrador ou de um cartaz de teatro. Contava-me o enredo de algumas peças, recitava monólogos em verso. Fez os recados todos, pagou contas, recebeu aluguéis de casa, para si comprou um vigésimo de loteria. Afinal, o homem teso rendeu o flexível e passou a falar pausado, com superlativos."

O texto foi extraído de um dos seguintes romances de machado de Assis:

  1. Memórias Póstumas de Brás Cubas

  2. Quincas Borba

  3. Esaú e Jacó

  4. Dom Casmurro

  5. Memorial de Aires

70. (UFMG) Todas as passagens ilustram a capacidade de dissimulação de Capitu, exceto:

  1. "Capitu riscava sobre o riscado, para apagar bem o escrito. Pádua saiu ao quintal, a ver o que era, mas já a filha tinha começado outra coisa, um perfil, que disser ser o retrato dele, e tanto podia ser o dele como da mãe: fê-lo rir, era o essencial."

  2. "Minha mãe, dizendo tio Cosme que ainda queria ver com que mão havia eu de abençoar o povo à missa, contou que dias antes, estando a falar de moças que se casam cedo, Capitu lhe dissera: 'Pois a mim quem me há de casar há de ser o padre Bentinho: eu espero que ele se ordene."

  3. "Ouvimos passos no corredor, era Dona Fortunata. Capitu compôs-se depressa, tão depressa que, quando a mãe apontou à porta, ela abanava a cabeça e ria. Nenhum laivo amarelo, nenhuma contração de acanhamento, um riso espontâneo e claro."

  4. "Muitos homens choravam, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas."

  5. "A minha persuasão é que o coração não lhe batia mais nem menos. Alegou susto, e deu à cara um ar meio enfiado; mas eu que sabia tudo, vi que era mentira e fiquei com inveja."

71. (VUNESP) O trecho abaixo pertence a célebre romance de Machado de Assis:

"Rubião, logo que chegou a Barbacena e começou a subir a rua que ora se chama de Tiradentes, exclamou parando:

– Ao vencedor, as batatas!

Tinha-as esquecido de todo, a fórmula e a alegoria. De repente, como se as sílabas houvessem ficado no ar, intactas, aguardando alguém que as pudesse entender, uniu-as, recompôs a fórmula, e proferiu-a com a mesma ênfase daquele dia em que a tomou por lei da vida e da verdade. Não se lembrava inteiramente da alegoria; mas, a palavra deu-lhe o sentido vago da luta e da vitória."

Como se pôde ler, o personagem do romance exprime uma fórmula, mas não se lembra da alegoria com que tal fórmula se relaciona. Por sua vez, ambas, fórmula e alegoria, articulam-se com um "sistema filosófico" de autoria de outro personagem machadiano, exposto, o sistema, pela primeira vez noutro romance. Considere:

  1. romance em que está o trecho acima transcrito.

  2. romance em que a fórmula e sua alegoria estão claramente expressas.

  3. sistema filosófico ilustrado com a alegoria e sintetizado na fórmula.

  4. personagem autor desse sistema filosófico.

  5. romance em que o personagem-autor exprimiu pela primeira vez esse sistema.

Assinale, a seguir, a correlação correta:

  1. Quincas Borba; II. Quincas Borba; III. O Humanitismo; IV. Quincas Borba; V. Memórias Póstumas de Brás Cubas.

  2. Memórias Póstumas de Brás Cubas; II. Quincas Borba; III. O Humanitismo; IV. Quincas Borba; V. Quincas Borba.

  3. Com Casmurro; II. Memórias Póstumas de Brás Cubas; III. O Humanitismo; IV. Quincas Borba; V. Dom Casmurro.

  4. Quincas Borba; II. Memórias Póstumas de Brás Cubas; III. O Humanitismo; IV. Quincas Borba; V. Memórias Póstumas de Brás Cubas.

  5. Quincas Borba; II. Dom Casmurro/ III. O Humanitismo; IV. Rubião; V Quincas Borba.

72. (Unijui-RS) Aluísio Azevedo foi introdutor do Realismo no Brasil com a obra O Mulato (1881). Sobre o movimento literário pode-se afirmar que:

  1. Realismo predomina sobre o Romantismo na 2ª metade do século XIX.

  2. realismo e Modernismo, no fundo, tinham as mesmas reivindicações.

  3. são causas do Realismo: o progresso da Ciência e o esgotamento do romantismo.

  4. os escritores realistas pretendiam reformular a vida social através de seus textos.

  5. para o Realismo, o comportamento humano é determinado pelo meio.

Sobre a obra pode-se dizer:

  1. apresenta um "tipo", o imigrante português Dias, que chega ao Brasil disposto a tudo para enriquecer.

  2. faz parte da composição da obra um personagem chamado Raimundo, com traços românticos; caráter, riqueza, beleza.

  3. romance termina com Dias e Ana Rosa ricos e felizes.

  4. Bertoleza tem papel importante, mas suicida-se cravando uma faca no seu ventre

  5. romance ambienta-se claramente em São Luís do Maranhão.

Assinale a resposta que contiver a composição das afirmações incorretas.

  1. IV e 4.

  2. III e 4.

  3. I e 5.

  4. II e 4.

  5. II e 5.

73. (MACK-SP) Assinale a alternativa incorreta a respeito de A Cartomante, de Machado de Assis.

  1. Vilela e Camilo eram amigos de infância, sendo este funcionário público, e aquele, magistrado.

  2. Quando da morte da mãe de Camilo, vilela e Rita se mostram extremamente preocupados em ajudar o amigo.

  3. conto se inicia com Rita dizendo a Camilo que tinha consultado uma cartomante.

  4. Um dia, próximo do meio-dia, Camilo recebe um bilhete de Vilela, dizendo que ele fosse à sua casa imediatamente.

  5. Passando em frente à casa da cartomante, Camilo se mantém cético e não a visita.

74. (Unijui-RS) O Cortiço escrito em 1890 é considerada a obra-prima de Aluísio Azevedo. Escolha nas colocações que seguem a que melhor caracteriza a obra:

  1. um dos melhores retratos que já se levantaram do Brasil do II Império, em que a sobrevivência da estrutura colonial punha à mostra uma numerosa mostragem de portugueses enriquecidos a empolgar as posições de comando e uma região mal definida de pretos, mulatos e brancos em pleno processo de caldeamento e formação, constituindo o escalão mais inferior da sociedade;

  2. retrata a falência da sociedade patriarcal nordestina que, tendo por base sempre a atividade econômica açucareira, pouco se modificara desde os fins do século XVIII;

  3. reflete as transformações que afetaram a região da campanha na segunda metade do séc. XIX. Não há nele nenhum delineamento saudosista, ao contrário de outros textos ficcionais da época;

  4. no plano da temática, o rompimento com a tradição narrativa brasileira se dá pela inserção, ao longo dos relatos, de elementos inverossímeis;

  5. fixando a região de campanha, a obra descreve a crise e as divisões entre os estancieiros do sul do Brasil. O protagonista tenta colocar em prática certas idéias reformistas, mas fracassa em seus objetivos.

75. (UFV-MG) Em se tratando de Quincas Borba, romance de Machado de Assis, todas as alternativas abaixo estão corretas, exceto:

  1. Humanitismo, teoria filosófica de Quincas Borba, defende o princípio da liberdade de conservação.

  2. A narrativa é lenta com abundância de detalhes.

  3. Os personagens são escrupulosos e despidos de egoísmo.

  4. A burguesia frívola da corte constitui a sociedade ficcional machadiana.

  5. Rubião, personagem central, traz as marcas da fraqueza na luta pela sobrevivência.

76. (PUC-RS)

"A mais terrível das instituições do Ateneu não era a famosa justiça de arbítrio, não era ainda a cafua, asilo das trevas e do soluço, sanção das culpas enormes. Era o livro das notas.

todas as manhãs, infalivelmente, perante o colégio em peso, congregado para o primeiro almoço, às oito horas, o diretor aparecia a uma porta, com solenidade tarda das aparições, e abria o memorial das partes."

Em O Ateneu, Raul Pompéia denuncia, como exemplifica o texto, a:

  1. perversidade do sistema educacional.

  2. relação perigosa entre adolescentes.

  3. brutalidade física na educação.

  4. vontade de poder do educador.

  5. política interesseira da escola.

77. (PUCCAMP-SP)

Texto I

"Iaiá mostrou-se tão expansiva naquela noite e nos seguintes dias, derramou de tal modo a vida que a enchia que Estela compreendeu tudo o que se passava entre a enteada e Jorge. Há uns amores, aliás verdadeiros, a que precedem muitas contrafações; primeiro que a alma os sinta, tem despendido a virgindade em sensações ínfimas."

Texto II

"Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da Praia da Glória já estava dentro da de Mata-cavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente."

Os fragmentos acima representam obras que permitem afirmar corretamente sobre Machado de Assis:

  1. Em romances iniciais, o autor se apresenta bastante comprometido com a herança romântica; nos posteriores, preocupa-se especialmente com a construção da trama, acompanhando fielmente as personagens em suas peripécias.

  2. Os romances de um primeiro grupo revelam um escritor ainda esperançoso quanto à natureza humana, por isso preocupado em desvendar-lhe os mistérios; os de um segundo grupo denotam o pessimismo de quem nada mais espera do seu semelhante.

  3. No início de sua carreira, o escritor mais se comporta como cronista de sua sociedade e de sua época; com a maturidade artística, opta por estruturar as narrativas segundo a forma mais freqüente no século XIX.

  4. Numa primeira etapa, o escritor ainda se preocupa com a apresentação de aspectos pitorescos do meio em que vivem as personagens; numa segunda, omite a apresentação do meio ambiente, fixando-se no retrato da condição solitária do homem.

  5. Num primeiro momento, ainda preso às características mais gerais do romance do século XIX, o romancista preocupa-se muito com a construção da trama romanesca; num segundo, o romance se constrói em torno da análise dos caracteres, buscando apreender-lhes a natureza mais profunda.

78. (VUNESP-SP)

"E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se. A sua casa perdeu aquele ar sombrio e concentrado que a entristecia; já apareciam por lá alguns companheiros de estalagem, para dar dois dedos de palestra nas horas de descanso, e aos domingos reunia-se gente para o jantar. A revolução afinal foi completa: a aguardente de cana substituiu o vinho; a farinha de mandioca sucedeu à broa; a carne-seca e o feijão-preto ao bacalhau com batatas e cebolas cozidas; a pimenta-malagueta e a pimenta-do-reino invadiram vitoriosamente a sua mesa (...)"

O trecho que faz parte de um romance, ilustra uma das teses caras a certa escola literária vigente no Brasil no fim do século XIX e começo do século XX. No caso, essa tese só se compreende bem se o quadro de referências incluir uma personagem feminina como causa da transformação do português Jerônimo. Considerando esses pontos, assinale a alternativa correta:

  1. romance é A Carne; a escola, o Naturalismo; a tese, a influência determinante do momento, e a personagem feminina, Lenita.

  2. romance é Casa de Pensão; a escola, o Realismo-naturalismo; a tese, a influência determinante da raça, e a personagem feminina, Bertoleza.

  3. romance é O Cortiço; a escola, o Naturalismo; a tese, a influência determinante da raça, e a personagem feminina, Rita Baiana.

  4. romance é O Cortiço; a escola, o Naturalismo; a tese, a influência determinante do meio, e a personagem, Rita Baiana.

  5. romance é O Mulato; a escola, o Realismo; a tese, a determinação causal do meio, e a personagem, Ana Rosa.

79. (FUVEST-SP)

"Saímos à varanda, dali à chácara, e foi então que notei uma circunstância. Eugênia coxeava um pouco, tão pouco, que eu cheguei a perguntar-lhe se machucara o pé. A mãe calou-se; a filha respondeu sem titubear;

– Não, Senhor, sou coxa de nascença."

Trecho fundamental do romance, não só dá título a um capítulo, como serve para definir, com bastante nitidez, o caráter da personagem central. De que obra se trata?

  1. Amor de Perdição

  2. Fogo Morto.

  3. São Bernardo.

  4. Memórias Póstumas de Brás Cubas.

  5. Primo Basílio.

80. (UFRS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do trecho abaixo.

"Os perfis femininos criados por Machado de Assis revelam, por exemplo, mulheres preocupadas em ascender socialmente e em manter as aparências. Assim, hipócrita e dissimulada, ....., de ....., assemelha-se à inescrupulosa ...., ávida pelo dinheiro de Rubião, em ..... ."

  1. Conceição - Quincas Borba - Marcela - Uns Braços

  2. Marcela - A Cartomante - Flora - Dom Casmurro

  3. Virgília - Memórias Póstumas de Brás Cubas - Sofia - Quincas Borba

  4. Capitu - Memorial de Aires - Genoveva - Missa do Galo

  5. Sofia - Esaú e Jacó - Virgília - O Alienista

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